4G da Claro é o mais rápido do mundo

Estudo divulgado na quinta-feira pela OpenSignal, empresa que monitora qualidade da cobertura celular, afirma que a rede 4G da Claro no Brasil é a mais rápida do mundo, atingindo velocidade média de download de 27,8 Mbps.

Mas o 4G da operadora brasileira é também o terceiro pior do planeta em disponibilidade, pois seus assinantes só conseguem acessar a rede durante 42% do tempo.

A pesquisa completa pode ser baixada neste link.

A OpenSignal analisou a situação da conectividade LTE (sigla em inglês para Long Term Evolution, tecnologia mais difundida de 4G) oferecida por 40 operadoras em 16 países.

No Brasil, apenas os serviços de Claro e Vivo foram avaliados.

Foram feitos 6.389 testes com a rede da Claro a partir de 678 usuários; e 2.847 testes com a da Vivo, por meio de 589 assinantes. Oi e TIM não foram avaliadas porque a OpenSignal não tinha disponíveis mais de 700 testes válidos, limite mínimo para inclusão no relatório.

A companhia utilizou dados registrados por seis milhões de usuários de sua plataforma durante a segunda metade do ano passado. Dois quesitos foram levados em consideração: velocidade de download e proporção do tempo em que a rede 4G está disponível, que permite inferir as condições de cobertura.

“A Claro Brasil tem a rede LTE mais rápida do mundo, alcançando média de download excepcionalmente rápida de 27,8 Mbps – embora seu parco desempenho em relação ao ‘tempo na LTE’ mostra que a implementação (da sua rede 4G) está longe de ser concluída”, avalia a pesquisa. “Nosso gráfico mostra que a Claro Brasil registra velocidades muito rápidas mas que sua cobertura é extremamente limitada.”

Isso significa que, na maior parte do tempo, os assinantes do 4G da Claro acabam na verdade tendo acesso a redes mais lentas, como 3G e Edge.

A rede da Vivo ficou na 31ª posição entre as 40 operadoras pesquisadas no que diz respeito à velocidade de download, atingindo média de 9,7 Mbps. Com relação à disponibilidade da rede, a Vivo se saiu muito melhor que a Claro, ficando na 25ª posição, permitindo acesso ao 4G em pouco mais da metade do tempo (51%).

Na média dos países, o resultado obtido pela Claro acabou colocando o Brasil na terceira posição no quesito velocidade do 4G, com média de 21 Mpbs, atrás apenas de Austrália (24,5 Mbps) e Itália (22,2 Mbps). Os Estados Unidos, por sua vez, possuem o segundo 4G mais lento do mundo, com média de 6,5 Mbps, melhor apenas que as Filipinas (5,3 Mbps) entre os 16 países pesquisados.

“As redes americanas tiveram desempenho fraco no quesito velocidade – com a operadora Metro PCS registrando as velocidades mais lentas entre todas as operadoras, possivelmente um resultado de sua pequena alocação de espectro, que usa frequência de 5MHz enquanto a maioria das operadoras dos EUA usa 20 MHz”, disse o estudo.

Em termos de disponibilidade de rede, o Brasil se saiu mal, ficando na terceira pior colocação, com média de 45%, à frente apenas de Rússia (42%) e Filipinas (38%). Os campeões foram Coreia do Sul (91%), Suécia (88%), Hong Kong (74%) e Japão (68%).

Número baixo de usuários permite liberar velocidade alta

O estudo da OpenSignal reafirma constatações feitas em teste realizado pelo jornal O GLOBO na ocasião do lançamento do 4G no Brasil. À época, de 20 bairros cariocas visitados pela reportagem, a rede 4G só foi encontrada em dez, pela Vivo, e em sete, pela Claro. Mas a média de velocidade de download registrada nas conexões 4G foi alta, de 25,6 Mbps, incluindo aí a Oi, que também foi avaliada.

Claro 4G Max
Segundo especialistas, um dos motivos para a alta velocidade atingida no 4G brasileiro é o baixo número de usuários do serviço. Isso porque, em redes de celulares, os assinantes dividem entre si a capacidade de tráfego.

– No 3G, as operadoras costumam limitar a velocidade a 1 MB por usuário. No 4G, a Claro aparentemente não impõe limites, o que só é possível por causa da quantidade ainda reduzida de assinantes. Já a Vivo deve impôr limites à rede, o que explica seu desempenho inferior – explicou Eduardo Tude, da consultoria Teleco. – Mas é óbvio que a Claro terá que limitar as velocidades quando a base de clientes crescer. Veja o exemplo dos EUA. Lá a velocidade média caiu mais de 30% de um ano para o outro, para 6,5 Mbps. Isso se deu porque o volume de assinantes aumentou, obrigando as operadoras a impôr limites.

Quanto à deficiência de cobertura no Brasil, demonstrada pelo estudo, Tude avaliou como natural porque a tecnologia 4G foi implantada há poucos meses no país.

O 4G brasileiro foi lançado em meados do ano passado e já está em 81 cidades do país, mas o serviço ainda atende a um número pequeno de assinantes. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) compilados pela Teleco, o Brasil encerrou 2013 com 1,31 milhão de assinantes de 4G.

– Há muitos motivos para se estar otimista sobre o LTE no Brasil. Obviamente, a Claro possui uma infraestrutura que dá conta de velocidades muito altas, mas infelizmente sua rede está frequentemente indisponível para os usuários. Se a operadora consolidar a implementação do seu 4G, oferecerá boa experiência de usuário, mas isso requer volume substancial de investimentos.

A Vivo tem melhor cobertura, mas sua velocidade precisa crescer – analisou James Robinson, da OpenSignal.

– É óbvio que essas redes têm um longo caminho a percorrer até alcançar as melhores do mundo, mas elas já se saem bem na comparação com as americanas, por exemplo. No entanto, é errado pensar que as coisas certamente vão melhorar. É possível que, à medida que mais usuários adotam o 4G no Brasil, as velocidades vão diminuir.

Vivo diz desconhecer metodologia usada

Em nota, a Vivo disse desconhecer a metodologia utilizada na pesquisa e que “há vários fatores que influenciam o resultado, principalmente na comparação entre os países, já que em muitos casos as frequências utilizadas não são as mesmas”. De acordo com a operadora, seu contrato com clientes 4G tem como referência velocidade de 5 Mbps.

Já a Claro, também em comunicado, afirmou que atende aos critérios de cobertura da Anatel realiza investimentos constantes para expandir e garantir a qualidade da rede. Quanto aos problemas de cobertura, a operadora disse que “migrações entre as tecnologias 4G e 3G são passíveis de ocorrer em situações de deslocamento (quando o usuário sai de uma região com cobertura 4G) e também quando da utilização dos serviços de voz, que ocorrem exclusivamente na tecnologia 3G”.

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