Porque profissionais de TI devem aprender a relaxar

Há dois anos, a consultoria SWNS conduziu uma pesquisa com uma amostra de três mil pessoas ao redor do mundo e chegou a uma conclusão que não surpreendeu muito quem trabalha na área de tecnologia da informação.
De acordo com o levantamento, 97% dos profissionais do setor sofrem de estresse diariamente no ambiente de trabalho, maior índice entre todas as ocupações que apareceram no estudo, à frente de médicos, engenheiros, profissionais de finanças, professores, entre outros.
Muitos profissionais, segundo a pesquisa, são afetados antes mesmo de chegar ao escritório. Quatro entre cinco consultores sentem-se estressados nessa situação, como uma forma de antecipação a todas as pressões que serão sofridas ao longo do dia.
O estresse é um problema crítico para os profissionais. Degrada a qualidade de vida, afeta o relacionamento com amigos e família, gera uma situação de infelicidade e pode acabar com a saúde. Nesta situação, a pessoa precisa recorrer a alternativas para recuperar o equilíbrio, seja lançando mão de facilidades oferecidas pela empresa, ou tomando iniciativas próprias para conquistar o bem-estar.
Segundo chefe do setor de medicina comportamental do laboratório Femme e coordenador do projeto Viver Bem, Roberto Cardoso, a qualidade de vida no trabalho pode ser alcançada mesmo com pressões e problemas típicos da área. Para o médico, o domínio sobre o próprio bem-estar passa por uma atividade que ele denomina gerenciamento do stress, que cobre quatro vetores básicos: saúde física, relações sociais, ambiente e psiquismo.
Cardoso, que conduz projetos de qualidade de vida em empresas, diz que uma das principais atitudes que o profissional deve tomar quando percebe que o estresse está tomando conta é encontrar uma alternativa de realizar uma atividade física regular. “O ideal é desenvolver alguma atividade prazerosa, mas qualquer coisa que o tire do sedentarismo já ajuda, como subir andares de escada, caminhar até o trabalho etc.”.
O sono também é uma questão crítica para autoavaliação, bem como alimentação equilibrada. Por fim, outro ponto importante é analisar todas as dimensões da própria vida para ter certeza de que nada está sendo deixado de lado.
Todo mundo tem que cuidar das relações sociais com família e amigos, traçar planos para a vida pessoal e realizar atividades de lazer que realmente desconectem o profissional do mundo do trabalho. “São vetores essenciais para tirar o funcionário do estado de alerta, comportamento típico de quem convive com estresse”, diz Cardoso.
Na empresa
O mundo vive a tendência da “atitude wellness”, ou seja, uma série de medidas que visam equilibrar a saúde física e mental com a vida profissional. Com isso, pequenas atitudes podem ser tomadas pelas empresas no sentido de facilitar essa situação.

A Organização Mundial da Saúde já comprovou que as empresas que promovem ambientes de trabalho saudáveis têm muito mais produtividade”, afirma Ana Rodrigues Maretti, professora da Wellness Education e mestranda em Ciências e Promoção da Saúde.

Ana destaca que só a redução do absenteísmo (falta ao trabalho) já compensa as iniciativas, mas existe uma questão bem mais difícil de medir, que é o ‘presenteísmo’. “Ocorre quando o funcionário vai ao trabalho, mas é improdutivo por conta de incômodo, dores, entre outros”, afirma. Assim, investir em qualidade de vida não é puro altruísmo, mas pode ser uma questão estratégica para ganhar competitividade e reter os melhores talentos.
Um exemplo é Denise Barbezani, secretária-executiva da empresa de software BMC. Ela afirma que a academia paga pela empresa e a possibilidade que tem de conciliar suas necessidades familiares com profissionais ajudam muito no dia-a-dia profissional e na saúde. A sala de ‘descompressão’, que a empresa oferece, com jogos, TVs, frutas e alimentos saudáveis, também ganha destaque. “Hoje, me sinto mais jovem do que quando ingressei na empresa, há cerca de 4 anos”, afirma.
Mário Júlio, funcionário da AES Telecom, também tira proveito de um programa da empresa para promover sua própria saúde. O profissional aderiu a um programa de corrida, com acompanhamento profissional e possibilidade de inscrição em eventos nacionais. Segundo ele, os treinamentos auxiliam na sua saúde e evitam doenças, mas também colaboram muito na integração com outros funcionários e promovem um ambiente mais saudável.

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