A dificuldade nas relações técnico-profissionais (Reduzir problemas)

Da série ‘PSICOLOGIA & INFORMÁTICA – A dificuldade nas relações técnico-profissionais
Conforme sabemos, o método utilizado no desenvolvimento dos projetos de sistemas é o cartesiano.
As regras propostas por Descartes, constituindo-se em um método, reúnem os quatro principais fatores de redução de problemas: evidência; análise; síntese; desmembramento.
Desta forma, Descartes procura reduzir um problema complexo a suas noções simples.
Para ele, a aplicação recursiva do método torna problemas muito complexos em complexos, moderadamente complexos, pouco complexos, simples, muito simples, etc. (DESCARTES, 1996)
A definição do perfil profissional do analista de sistemas, segundo o manual de profissões (OLIVEIRA, 1995) é adequada para o padrão técnico de desenvolvimento de sistemas, mas não determina se o profissional de desenvolvimento de sistemas possui habilidades sociais ou como este profissional se sairá em uma situação de conflito ou de estresse.
De fato, os resultados da pesquisa não sugerem uma falha neste perfil profissional, mas em uma habilidade não prevista neste mesmo perfil, qual seja a habilidade interpessoal.
Por outro lado, o usuário também não necessariamente apresenta qualidades interpessoais, e isto aumenta a probabilidade de que os resultados conseguidos na pesquisa sejam amplificados. Estamos aqui, tratando da interação de duas ou mais pessoas, com expectativas diferentes e expostas ao estresse do desconhecido. Este cenário é bastante favorável ao aparecimento daquilo que Freud chamou de “mecanismos de defesa”.
“Os mecanismos de defesa servem ao propósito de manter afastados os perigos. Não se pode discutir que são bem-sucedidos nisso, e é de duvidar que o ego pudesse passar inteiramente sem esses mecanismos durante seu desenvolvimento. Mas é certo também que eles próprios podem transformar-se em perigos. Às vezes, se vê que o ego pagou um preço alto demais pelos serviços que eles lhe prestam. O dispêndio dinâmico necessário para mantê-los, e as restrições do ego que quase invariavelmente acarretam, mostram ser um pesado ônus sobre a economia psíquica.
Ademais, esses mecanismos não são abandonados após terem assistido o ego durante os anos difíceis de seu desenvolvimento. Nenhum indivíduo, naturalmente, faz uso de todos os mecanismos de defesa possíveis. Cada pessoa não utiliza mais do que uma seleção deles, mas estes se fixam em seu ego.” (FREUD, 1997-1)
Ao longo de sua obra, Freud descreve alguns destes mecanismos de defesa que, embora verificados em ambiente clínico, podem ocorrer em todas as relações humanas, inclusive nas relações profissionais. Embora não sejam totalmente determinantes para o sucesso ou fracasso de um projeto profissional, tais mecanismos têm forte influência nas relações entre os componentes de um grupo e influenciam diretamente nos resultados e nas expectativas destes grupos.
Os mecanismos de defesa mais aderentes ao assunto que estamos tratando são :
Formação reativa – fixação de uma idéia, afeto ou desejo na consciência , opostos ao impulso inconsciente temido.
Projeção – sentimentos próprios indesejáveis são atribuídos a outras pessoas.
Racionalização – substituição do verdadeiro, porém assustador, motivo do comportamento por uma explicação razoável e segura; e
Anulação – através de uma ação, busca-se o cancelamento da experiência prévia e desagradável.

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