A Internet é Livre?

O que foi privatizado em todo mundo foram as empresas de telecomunicações.

Mas apenas o serviço de tráfego, e não a estrutura global, crescente e mutável que é essa Entidade chamada Internet.

Nos Estados Unidos essa privatização aconteceu em meados da década de 1990, e afetou o mercado como um todo, pois a Internet foi considerada como privatizada.

Na época, a FCC buscou dinamizar o setor de banda-larga nascente a partir de regulamentações.

A comissão classificou a banda larga como “serviços de informações” não regulados, estabelecendo um quadro projetado para atrair investimento de capital de risco, promover a concorrência, preços baixos e ampliar a adoção por parte do consumidor. E isso funcionou.

Já em 2003, 15% dos americanos já tinham acesso a banda larga de suas residências. Atualmente esse número está próximo de 60%. Aqui no brasil já são mais de 65 milhões de brasileiros com banda larga em suas residẽncias, e esse número já supera em número os acessos via LAN-Houses espalhadas por todo o pais.

E os investimentos e variações de mercado não pararam por aí. Até 2002, ninguém conhecia banda larga móvel. mas já no último ano, estimou-se que 100 milhões de americanos tenham esse serviço de banda larga sem fio disponível. E isso provavelmente levará ao mundo a conexão via 3G (ou derivados dessa tecnologia), eliminando completamente a necessidade de conexão via cabos. Claro que tudo isso só aumenta a poluição eletromagnética no mundo e seus efeitos nocivos para a saúde. mas isso fica para ser discutido em um outro artigo.

A Internet também está concentrada nos Estados Unidos, se formos pensar no uso da mesma. No último ano, foi constatado que os norte-americanos ainda lideravam o mundo na grande rede em taxas de downloads via dispositivos móveis, que superaram 1,1 bilhões de aplicativos baixados. E isso significa um aumento de nove vezes em apenas 2 anos. E, óbvio, isso cria um enorme mercado a sua volta, consolidando ainda mais o setor, onde se tem mais acessos, aumentando assim o monopólio e a “exportação” das mesmas empresas para outros países, concentrando a atividade de renda em enriquecer sempre a matriz monopolizando os serviços.

E o problema parece estar dos dois lados. Tanto da falta de regulação, quanto da imposição da regulação por iniciativas de interesses próprios, o que acaba criando um estado inercial caótico, propenso a desmoronar a qualquer momento.

E a regulamentação sempre trás prejuízos para a inovação e evolução dos serviços. Vejam o caso da FCC, que com sua política atrasada de regulação de tecnologias de banda larga em pleno século 21, irá tornar completamente impossível para os operadores construir redes “inteligentes”, que poderia estar oferecendo conectividade para outros serviços e produtos.

E como as ações da FCC serão percebidas no mundo afora? Lembrem-se que países que regulam a Internet em maior quantidade (sim, existem vários níveis de regulação da Internet ocorrendo em todos os países do mundo), tendem a ser países menos livres, que os que regulam menos. E o pior! Muitos países sempre estão questionando o governo norte-americano para impor maior autoridade na Internet, para assim poderem justificar a maior interferência do Estado sobre a Grande Rede. Porém, o que ninguém percebe (ou querem mesmo que a liberdade seja perdida, por motivos escusos) é que uma vez regulamentada, controlada, enforcada… não tem mais volta!

E fica a pergunta: a Internet já foi livre?

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  1. Pingback: A Internet é Livre? 11 de abril, 2010

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