MADRI (Reuters) – Os administradores da rede que controlava 13 milhões de computadores em 190 países e que foi descoberta pela polícia espanhola não chegaram a aproveitar todo o seu potencial daninho, afirmaram autoridades nesta quarta-feira, voltando a defender a necessidade de “navegação responsável” na Internet. “Tivemos sorte por essa ‘botnet’ com 13 milhões de máquinas estar sob o controle de pessoas que não perceberam as potencialidades que ela oferecia”, disse o comandante Juan Salón, chefe da unidade de crimes de computação da Unidade Central de Operações da polícia espanhola, em entrevista coletiva concedida em Madri. Segundo as autoridades espanholas, a rede descoberta era a maior já desarticulada até agora pela polícia no mundo.
“Temos que nos conscientizar de que a rede pode ser muito positiva mas é preciso tomar certas medidas básicas…. Para mim, a principal medida de segurança é a navegação responsável”, afirmou.
Três jovens espanhois com idades entre 25 e 31 anos foram detidos em Balmaseda (Vizcaya), Santiago de Compostela e Molina de Segura (Murcia), acusados de dirigir uma rede que controlava os computadores depois de infectá-los por meio de um cavalo de Troia. A rede permitia aos acusados roubar dados bancários, de correio eletrônico e senhas de milhões de usuários, empresas e até instituições governamentais, ou bloquear suas páginas, segundo as autoridades.
Com essa rede, de acordo com a polícia, poderia ter sido realizado um ataque ciberterrorista muito mais sério do que os executados contra a Estônia ou a Geórgia.
Para definir a importância da operação, o tenente-coronel José Antonio Berrocal, chefe do departamento de investigação de crimes econômicos e tecnológicos da Unidade Central de Operações da polícia espanhola, indicou que as estimativas são de que existam entre 60 milhões e 100 milhões de computadores infectados em todo o mundo.
Na Espanha, de acordo com a Panda Security, uma companhia espanhola de segurança na computação que colaborou com as investigações, a estimativa é de que existam 200 mil máquinas infectadas. No computador do acusado detido em Vizcaya, visto como o maior responsável pela rede clandestina, foram encontrados dados pessoais sobre mais de 800 mil internautas.
A investigação contra a rede, realizada em conjunto com o FBI e a empresa canadense Defence Intelligence, começou em maio de 2009, quando a empresa detectou a rede, chamada de “Mariposa”.
O programa malicioso que os acusados usaram para criar a rede foi adquirido no mercado negro, mas as autoridades disseram que não se sabe ainda quanto foi pago e a quem.
O programa se propaga por redes de troca de arquivos, arquivos anexados em emails e por serviços de mensagem instantânea e dispositivos USB.
“As redes P2P são um foco de infecção”, afirmou Salón citando necessidade de meios que “vacinem” pendrives USB para não propagarem vírus.
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