Mais de seis anos já se passaram desde que o então executivo-chefe da Microsoft Bill Gates admitiu que a Apple pegou sua empresa “de calças curtas” no mercado da música digital e mandou sua equipe recuperar o terreno perdido, segundo e-mails internos que vieram à tona recentemente.
Até agora o esforço da Microsoft para marcar presença no mercado de música digital vinha focando em grande medida seu aparelho musical Zune e o serviço de assinatura Zune Pass, que receberam resenhas favoráveis mas conquistaram poucos consumidores. Mas, com o lançamento recente na conferência Mobile World Congress, em Barcelona, de seu sistema operacional Windows Phone 7 Series, a Microsoft espera reiniciar sua estratégia de música digital.
Mesmo o aparelho Zune HD, lançado no outono norte-americano do ano passado e bem recebido, não vem sendo suficiente para convencer os fãs de música a aderirem ao Zune Pass. A empresa diz que vendeu apenas 3,8 milhões de aparelhos desde 2006, e em novembro o NPD Group estimou que o Zune tem 2 por cento do mercado americano de tocadores portáteis de mídia, contra 70 por cento dominados pelo iPod da Apple.
Assim, a Microsoft decidiu priorizar a expansão do serviço Zune para outras plataformas. Em novembro ela adicionou o serviço de vídeo do Zune a sua rede Xbox Live, que consiste em mais de 20 milhões de usuários mundiais do console de games Xbox 360. Desde então, o diretor de comunicações do Zune, Jose Pinero, diz que o número diário de downloads e streams de vídeos em HD dobrou. Agora a Microsoft pretende usar sua plataforma Windows Phone 7 para levar o Zune aos usuários de celulares.
“Qualquer pessoa que compre um telefone Windows Phone 7 Series vai receber um Zune dentro do aparelho”, diz Pinero.
O impacto mais imediato da medida é ampliar o serviço Zune para países além dos EUA e Canadá, os únicos mercados nos quais o Zune é vendido. A Microsoft vai continuar a vender o aparelho Zune original nos Estados Unidos, mas Pinero diz que a empresa não pretende vendê-lo em outros países, mas sim usar o software de telefonia celular para levar o serviço Zune a esses países.
O analista Sonal Gandhi, da Forrester Research, estima que o mercado inteiro de música por assinatura nos EUA totaliza apenas 2,5 milhões de usuários e inclui não apenas Zune, Rhapsody, Napster e MOG, mas também eMusic e os consumidores que pagam por faixas premium de serviços streaming como Pandora e Live365.
As iniciativas recentes da Microsoft podem representar uma injeção importante de ânimo no Zune, mas a empresa terá que olhar mais além do modelo de assinatura se quiser ter muito impacto em sua receita total de música digital.
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