A organização responsável por administrar os chamados domínios de topo genéricos, a Icann, aprovou recentemente o último lote de pedidos de novas terminações.
No total, são 1.745 sufixos liberados que se somarão aos 22 atualmente em uso (“.org”, “.net”, por exemplo).
A mudança, a maior na história dos endereços da web, implica que empresas e pessoas físicas passam a poder controlar esse tipo de domínio, algo que antes era reservado apenas a governos e organizações relacionadas à infraestrutura da internet.
Para o internauta, isso significa mais sites com endereço intuitivo (como “saopaulo.pizza”, “mpb.music” ou “prefeitura.rio”), mas também potenciais problemas com fraude –em um documento, a Icann aponta para terminações de “alto risco” como “.credit”, “.shop” e “.discount”, já aprovadas.
Em 2011, após o anúncio da iniciativa, a Dell, a HP, a Samsung e outras 84 empresas publicaram uma carta aberta para tentar impedi-las, com a alegação de que as justificativas eram insuficientes e que os novos sites poderiam causar dano à reputação das marcas, além do custo alto.
PREÇO ALTO
A Icann cobra US$ 185 mil para analisar um pedido, mas, somadas as exigências técnicas e jurídicas, o gasto total para cada domínio acaba sendo de por volta de US$ 700 mil, segundo Rob Hall, diretor da Momentous, empresa canadense que solicitou quatro terminações.
A manutenção custa por volta de US$ 150 mil anuais.
“Não sabemos se todas serão exitosas [financeiramente], mas essa não deixa de ser uma boa oportunidade”, diz Hall. Os pedidos dele incluem “.sucks”, considerada de alto risco, e “.rip”, cuja ideia é ser usada para sites que homenageiam mortos.
Todos os sufixos aprovados passaram à fase de contratação, seguindo uma ordem definida por sorteio, e muitos devem estar no ar no fim deste ano e no começo do ano que vem.
Sete empresas brasileiras têm pedidos: Bradesco, Globo, Ipiranga, Itaú, Natura, UOL e Vivo, além do NIC.br. Solicitações do país incluem “.ltda”, “.final”, “.bom” e “.rio” (da prefeitura carioca).
Sozinho, o Google fez 101 requisições (entre elas estão “.web”, “.blog” e “.youtube”).
“É algo importante para a inovação “, diz Rodrigo de la Parra, vice-presidente da Icann para América Latina. “Dá às companhias oportunidades competitivas e, aos usuários, de identificação.”
Já para Demi Getschko, diretor do NIC.br, órgão que é uma espécie de supervisor da web no Brasil, novos domínios são desnecessários. “Ninguém nunca deixou de criar um site por não existir um sufixo que não fosse de seu gosto ou que não representasse sua ideologia.”
“Isso acaba gerando ruídos e conflitos, como foi o caso da Amazon”, diz, referindo-se à terminação requerida pela varejista americana, que suscitou protestos de países amazônicos (entre eles o Brasil) e, por isso, teve sua avaliação prorrogada.
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