Da série “Vídeos mais longos na web”
Novos hábitos de uso da web, auxiliados por vídeos que ocupam a tela inteira tornados possíveis pela chegada de conexões mais rápidas para com a internet, estão começando a derrubar a regra.
A internet está se tornando uma jukebox para o consumo de toda espécie concebível de vídeo – de imagens de bebês a produções teatrais – e produtores e anunciantes começam a descobrir que existem muitos usuários dispostos a assistir a vídeos com mais de dois minutos de duração.
Os vídeos virais que faziam mais sucesso na era do YouTube 1.0 – cachorros andando de skate ou gatos brincando com um teclado de computador são bons exemplos – estão sendo substituídos por um ecossistema novo e mais vibrante de vídeos online.
As produtoras agora criam programas com 10 a 20 minutos de duração para a internet, e surgiram algumas séries e personagens mais desenvolvidos, com narrativas longas – ou seja, essas produções passaram a ser mais parecidas com os programas de TV convencionais, ainda que sejam exibidos de uma maneira muito distante da grade rígida de programação adotada pelas redes de televisão.
Algumas das produtoras que se concentram em vídeos para a internet escolheram deliberadamente o mês de julho como data de lançamento, por saberem que as férias de verão são um período em que as redes de TV aberta e a cabo norte-americanas em geral transmitem reprises de seriados e reality shows.
Mas cabe às redes de TV convencionais boa parte do crédito pelo fato de que o público tenha começado a aceitar vídeos mais longos na internet. Nas duas temporadas passadas de televisão, quase todos os seriados das redes de TV aberta foram também exibidos online e gratuitamente, o que acostumou os espectadores a assistir na internet vídeos com 20 ou mais minutos de duração. De acordo com algumas estimativas, um em cada quatro internautas norte-americanos hoje usa o Hulu, o serviço online que distribui a programação da NBC e da Fox, a cada mês.
As pessoas, por bem ou por mal, estão começando a se acostumar mais com levar o computador para a cama com elas, diz Dina Kaplan, co-fundadora da Blip.tv.
A empresa de Kaplan distribui dezenas de seriados na web. Um ano atrás, 24 dos 25 vídeos mais assistidos nos servidores da empresa tinham menos de cinco minutos de duração. Agora, a duração média dos vídeos hospedados pela Blip.tv é de 11 minutos – “o que surpreende até a nós”, ela diz. O vídeo mais longo que subiu para os servidores do site em maio tem 133 minutos de duração, o equivalente a um longa-metragem.
Dave Beller, produtor de Safety Geeks: SVI, sobre um trio de personagens que torna o mundo ainda mais perigoso ao tentar protegê-lo, diz que “a falácia de que qualquer pessoa nascida depois da geração MTV sofre de déficit de atenção” vem sendo refutada pelo sucesso dos sites que exibem vídeos originais.
Embora seja improvável que os videos online venham a substituir a televisão, pelo menos em breve, eles definitivamente chegaram ao mercado comercial. Cerca de 150 milhões de internautas nos Estados Unidos assistem a cerca de 14,5 bilhões de vídeos ao mês, de acordo com a comScore, que mede a audiência de internet. Isso representa uma média de 97 vídeos mensais por espectador. Ainda que a web não conte com um sistema padrão de mensuração para vídeos, a comScore afirma que a duração média dos vídeos online vem subindo lenta mas seguramente nos últimos 12 meses, para uma média de 3,4 minutos em março.
É certo que muitos dos vídeos mais assistidos continuam bem curtos, com a duração típica de uma canção. Mas o YouTube, o site dominante de vídeo, recentemente reconheceu a tendência de audiência e acrescentou uma categoria “programas” às suas páginas, para direcionar usuários a episódios de TV e filmes mais longos. Jon Gibs, vice-presidente de análise de mídia da Nielsen, uma empresa de mensuração de audiência, disse que os vídeos online – que segundo projeções da eMarketer movimentarão US$ 1 bilhão ao ano em 2011 – estão em momento decisivo.
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