Experimentos confirmam a possibilidade de criar estímulos reais através de ambientes virtuais
Os estudos relacionados à realidade virtual se espalham por diversas áreas e atualmente tem ganhado destaque na medicina, saúde e qualidade de vida.
Agora, uma pesquisa desenvolvida por Anthony Steed, cientista da computação da University College, em Londres mostra como a realidade virtual pode ajudar pacientes amputados a reconhecerem e se adaptarem mais facilmente a suas próteses.
Os estudos do cientista estão baseados no princípio rubber hand illusion (ilusão da mão de borracha, numa tradução livre), publicado há mais de 10 anos por psicólogos americanos. O princípio é explicado da seguinte forma:
uma mão falsa é colocada sobre uma mesa em frente a um voluntário cuja mão real está fora de seu campo de visão. O voluntário permanece olhando apenas para a mão de borracha a sua frente. Durante um período, a mão falsa e a mão real são acariciadas ao mesmo tempo. Em um determinado momento apenas a mão falsa é acariciada, porém, o voluntário continua sentindo os estímulos na mão real, mesmo sem esta estar sendo tocada.
De acordo com a revista New Scientist Steed descobriu que a relação das pessoas com seu apêndice virtual, ou avatar, é tão forte que muitas vezes os estímulos no mundo real deixam de ser necessários para que a pessoa faça a conexão entre as duas realidades. O cientista afirma que pessoas já têm sentido no mundo real os estímulos feitos apenas no mundo virtual.
Vinte voluntários foram convidados a participar de um jogo simples em um ambiente virtual com as mesmas perspectivas do mundo real. Nesse ambiente, as mãos do avatar eram representadas como se fossem as do próprio voluntário, que estavam conectados a um sistema de monitoramento que registrava os movimentos dos músculos e a recepção de impulsos elétricos na terminações nervosas. Em um determinado momento do jogo, uma lâmpada que estava sobre a mesa virtual foi derrubada em direção ao voluntário, e suas reações foram monitoradas. A maioria fez gestos com o braço, sugerindo que eles estavam tentando tirá-la do caminho apesar de não haver nenhum risco real.
Em um questionário preenchido após o fim do jogo, os voluntários reconheceram que tinham se comportado como se a mão virtual fosse a sua própria mão. Quando eles repetiram o experimento com uma seta representando o braço do voluntário, a resposta não foi tão positiva. ‘O efeito rubber hand illusion depende diretamente da forma como a mão é representada’, diz Steed.
Ainda segundo a New Scientist, para Kristina Caudle, cientista do centro de pesquisas do cérebro da Dartmouth College, em Hanover, esse experimento sugere que a realidade virtual pode ser útil para pacientes que precisam aprendam a usar uma prótese. Para ela, habituar-se a sensação de movimento e de propriedades de um membro virtual pode tornar mais fácil para um paciente amputado a aceitar a sua prótese. Ela acredita que a simulação do movimento humano associado à aparência é a chave para uma conexão mais rápida do paciente com sua prótese: ‘a probabilidade de um protótipo de braço humano que não permite a movimentação das articulações, ou das mãos e dedos, criar o efeito da rubber hand illusion é quase mínima.’
O pesquisador Steed irá apresentar o seu trabalho na conferência Virtual Reality 2010 que acontece nos Estados Unidos no final deste mês.
A revista New Scientist publicou um artigo sobre o efeito rubber hand illusion que pode ser acessado pelo atalho: http://tinyurl.com/hand2illusion
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