Redes sociais: como não usar

Por Márvio dos anjos.
Ouvi a expressão ontem e achei genial: “As redes sociais ainda estão passando por um processo civilizatório”.

A frase foi dita num programa da Globo News que debatia crimes na internet, principalmente invasões de privacidade, como a que aconteceu recentemente com a atriz americana Scarlett Johansson – que viu as fotos que tirou de si mesma ao sair do banho ganharem a rede, roubadas provavelmente por um hacker.

De fato, as pessoas ainda estão aprendendo a lidar com o brinquedo. Tanto em fotos quanto em frases, perde-se um pouco a noção de para quem se fala ou como se deve falar.

Privacidade, popularidade e amizade são palavras que, na zona franca da internet, ganham contornos e limites bastante peculiares.

Toda vez que você escreve algo na internet que possa ser diretamente vinculado a você – uma conta de Facebook, uma frase no seu Twitter, um post no seu blog -, imediatamente foi gerado um documento. Já escrevi aqui que quase tudo que você posta poderá e certamente deverá ser usado contra você.

Parece óbvio, mas muitas pessoas ainda não entenderam isso. São imprudentes. Muitos ainda vão perder seus empregos, amizades e relações por conta dos documentos que geram na internet. Arriscam-se a sofrer processos de terceiros por conta da exposição de ideias que, lidas por outros olhos, podem ofender. Perdem excelentes oportunidades de permanecer calados, como se costuma dizer.

E nunca é demais lembrar que o país está hipersensível. Questões polarizantes como o racismo, a homofobia, o bullying, a religiosidade e a não religiosidade e até as dissensões políticas andam tão em pauta nas nossas agendas pessoais – muito por conta de tudo que a internet nos prova dos piores lados do ser humano – que a vitimização fácil é tão comum quanto as ofensas. As pessoas estão se ofendendo com mais facilidade do que antes, até porque tiram, sim, algum tipo de vantagem quando estão em evidência. Ser vítima em público também garante certa popularidade.

São tempos loucos. Muitas pessoas que usam as redes sociais não estavam minimamente preparadas para “sair do anonimato” e se expor de forma responsável. Enquanto esse processo civilizatório demora a ocorrer, elas serão como os primeiros humanos olhando o fogo, ferindo-se até aprenderem a usar.

Márvio dos anjos
Márvio dos anjos
É editor do Jornal Destak

COMPARTILHAR

2 Comentários

  1. Marcos Antonio De Moura 16 de setembro, 2011
  2. Ireno 26 de setembro, 2011

Comentar