Por – Marcelo Desiderato Vessoni
Hoje o Brasil atravessa um momento especial no mercado de Tecnologia da Informação.
Passamos por uma demanda muito grande de profissionais especializados em TI por diversos fatores.
Entre eles, está o próprio mercado interno, que absorve grande parte dos especialistas na área.
Mas há uma modalidade que representa outro grande atrativo e fator gerador de empregos para estes profissionais e empresas de tecnologia no Brasil: as oportunidades de offshore outsourcing.
Explico: cada vez mais empresas sediadas em países desenvolvidos migram o suporte, desenvolvimento e manutenção de sistemas e infraestrutura para países em desenvolvimento, onde os custos do pessoal especializado de TI são mais atrativos.
Especialmente agora, com a crise financeira, onde cada oportunidade de diminuir os custos é vista com prioridade altíssima.
Nesta modalidade de negócio, empresas de diversos segmentos de mercado terceirizam serviços de TI para manter suas operações, tanto em termos de infraestrutura de hardware (servidores, por exemplo), quanto em manutenção de sistemas de software.
O Brasil há algum tempo (poucos anos) passou a ser um dos destinos em evidência, porém é quase um iniciante quando comparado ao gigante destinatário de oportunidades offshore: a Índia. Alguns importantes fatores apontam para a vantagem deste país:
- Reputação de excelência em serviços de TI e com histórico de vários anos de atuação em serviços de offshore outsourcing
- Mão de obra altamente qualificada em ciências exatas, historicamente pela excelência na educação
- Boa parcela da população (traduzindo em números: dezenas de milhões de pessoas) com fluência em inglês
Para um país que gradua por volta de 200.000 engenheiros e profissionais de informática por ano (nós, 30.000), de qualidade, com grande quantidade de certificações de produtos e com inglês fluente, escala parece não ser um problema. Assim, a Índia nem encara o Brasil como um competidor, mas sim como um país que está conhecendo este mercado e a nós resta complementá-la com, por exemplo, serviços menos atrativos.
Outros importantes competidores do Brasil neste mercado são a China, a Rússia e determinados países do Leste Europeu (estes favorecidos pela proximidade com grandes potências européias).
Problema flagrante que inibe o crescimento ainda maior do Brasil neste mercado e que pode impactar seriamente nossa competitividade a médio e longo prazo: falta de profissionais em abundância com fluência na língua inglesa. É neste ponto que aproveito o gancho para o papel da universidade na questão: é estratégico que as instituições de ensino superior incentivem os alunos a desenvolver o conhecimento de inglês, pois disso depende a melhoria das condições do Brasil frente aos seus competidores de ‘inglês fluente’.
Sendo uma questão estratégica, certamente resultará num diferencial que trará resultados muito importantes para o país, pois ajudaria no desenvolvimento da nossa capacidade de exportação de software e na capacidade de atender a enorme demanda gerada pelos países desenvolvidos (leia-se, especialmente, os Estados Unidos), com escala e agilidade. Resumindo em termos financeiros: serviços pagos em dólares.
Para finalizar e complementar a descrição deste modelo, os principais tipos de outsourcing offshore encontrados hoje são tanto empresas de diversos segmentos que realizam o outsourcing para empresas de serviços de TI, quanto empresas multinacionais que ‘terceirizam’ os serviços de TI internos para as filiais presentes nos países em desenvolvimento. Nesta categoria, pesquisas mostram que o Brasil é um competidor fortíssimo.
Outras vantagens do Brasil: fuso horário próximo ao norte-americano e ótima infraestrutura de comunicações, redes e energia.
Portanto, através deste artigo, espero que você, aluno ou profissional de TI, sinta-se encorajado e disposto a dominar a língua inglesa, obter certificações internacionais e ficar preparado para as grandes oportunidades que surgem a cada dia, e também ajudando-as a tornarem-se mais duradouras.
Num próximo artigo voltarei a esse assunto, mas com foco em técnicas, tecnologias, conceitos e habilidades que os alunos (ok, profissionais experientes também!) de hoje precisam ter para serem profissionais do “mundo plano” (competindo com times globais) e de TI do futuro, que já chegou!
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Sobre o Autor: Marcelo Desiderato Vessoni é gerente na IBM Brasil, responsável pelo centro de competência de tecnologia WEB, é também professor universitário e coordenador do curso de pós Engenharia de Software SOA do IBTA Campinas.
Bacharel e Mestre em Ciência da Computação pela UFSCAR, atua há 10 anos com tecnologia e projetos de TI, sempre com foco em processos de engenharia de software, inovação, e também na formação de novos talentos na área via diversos relacionamentos acadêmicos.
É entusiasta de SOA, asset reuse, gerência de projetos e engenharia de software.