Qual o futuro dos portais de conteúdo da Internet?

Pelo ponto de vista do usuário, os portais tendem a perder relevância no processo de busca por informação e entretenimento.

Para compensar se apoiam no conhecimento acumulado em anos de operação e boas equipes multidisciplinares.

Por Darcio Vilela

Durante um bom tempo (anos 90 até os primeiros anos dessa década) os grandes portais da internet brasileira eram vistos como o porto seguro dos usuários: abrangiam uma variedade enorme de assuntos com canais dedicados a diferentes tipos de conteúdo e conseguiam imprimir alguma ordem no caos de informação disponível online.

Era uma época de grandes investimentos e o modelo de portal e oferecimento de conteúdo concentrava boa parte dos esforços de desenvolvimento na web.

O Google surgiu e rapidamente se transformou no search engine preferido da rede. Fácil de usar e com grande capacidade de indexação de conteúdo, foi abrindo caminho para que outros sites ou canais alternativos de informação fossem descobertos e passassem a ser utilizados. Em outras palavras: permitiu que projetos com menos poder de fogo de divulgação e investimento pudessem mostrar o seu trabalho.

Aí então surgiram as iniciativas 2.0. Co-criação, compartilhamento, participação e estabelecimento de redes sociais passaram a nortear os projetos digitais e a formatar a internet da forma como hoje a conhecemos. A partir da disseminação desses conceitos, todos conseguimos nos conscientizar do real poder do meio e da diferença em relação ao modelo anterior.

Os portais investiram para não ficar para trás: possibilidade de criação de blogs, áreas para upload de imagens, uso forte de vídeo. Mas acaba ainda ficando a pergunta: em termos de informação e entretenimento, dada a oferta de soluções web based, de players com ótimas ideias e da facilidade de produção e entrega da informação, o quanto os portais acabam ficando de lado no momento da escolha do usuário? Hoje quando precisamos fazer uma pesquisa, é muito mais fácil termos como referência um blog, uma rede de contatos ou site específico do que um portal.

Se pensarmos também em relação a mídia, hoje temos uma possibilidade de pulverização muito maior dos investimentos online, com mais criatividade e com a alocação de recursos buscando sempre uma maior eficácia e retorno. Essa pulverização é o retrato de um novo ambiente digital onde o usuário consome mídia de uma forma diferente, exigindo mais personalização, timing correto, relevância e, até mesmo, a escolha do momento que quer ver um anúncio.

Como se posiciona nesse contexto um portal de conteúdo? Parcerias há tempos já são feitas, mas talvez seja o momento de repensar a forma de atuação em um mercado tão competitivo, buscando maior alinhamento com as tendências da internet e a mudança do perfil dos usuários.

O know how acumulado em anos de operação, o conhecimento da base de usuários e as equipes multidisciplinares envolvidas nos projetos, sem dúvida formam um valioso diferencial para uma eventual remodelação.

Sobre o autor

Darcio Vilela atua no planejamento e gestão de projetos web.

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